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Atílio Fontana

Attilio Francisco Xavier Fontana nasceu no limiar do século XX, em 6 de agosto de 1900, e viveu 89 anos, dos quais trabalhou oitenta. Casou-se três vezes e enviuvou duas. Teve seis filhos. Não chegou a terminar o primário, mas foi deputado, senador da República e vice-governador de Santa Catarina.

Só experimentou a sensação de calçar sapatos no dia da sua primeira comunhão e tirou férias pela primeira vez aos 34 anos. Um ano antes de sua morte, as empresas do Grupo Sadia, que ele construíra a partir do zero, incluíam 26 mil colaboradores diretos e cem mil indiretos. Resumiu sua trajetória numa frase: “Conheci a vida pelo direito e pelo avesso.”

Linha do Tempo

  • Nasceu no Rio Grande do Sul.
  • Filho de camponeses, tinha onze irmãos. Teve oito filhos.
  • Em 1908, com oito anos, vendeu biscoitos em uma quermesse: foi sua a primeira experiência comercial.
  • Em 1911, a família mudou-se para um sítio maior, onde iniciou seu primeiro negócio. Com uma carroça, fazia entrega de alfafa e de outras encomendas em fazendas vizinhas, pois a região sofria com problemas de transporte.
  • Trabalhou no comércio e continuou com o negócio de alfafa. Começou a se interessar pela criação e venda de porcos.
  • Em 1927, procurou Carlos Menck para propor um negócio — fornecimento regular de porcos aos frigoríficos paulistas — e fecham sociedade.
  • Em 1942, foi chamado pelo prefeito de Concórdia, Dogello Goss, para uma conversa sobre um moinho e um engenho que não conseguiam decolar. Ele destacou o filho mais velho, Walter, para assumir a direção do moinho.
  • Em 7 de junho de 1944, foi constituída a empresa S.A. Indústria e Comércio Concórdia. Mais tarde o nome foi alterado, conservando do original as primeiras letras “S” e “A” e as últimas da palavra “Concórdia”: nasceu, assim, a Sadia, empresa conhecida em todo o País.
  • Attilio foi prefeito de Concórdia e cuidou da infraestrutura da cidade: construiu estradas, melhorou o fornecimento de água por meio de poços artesianos e iniciou os serviços de água encanada.
  • Os principais empreendimentos de Attilio Fontana estiveram ligados ao comércio e à indústria alimentícia.

Ações

  • 1924: Compra um pequeno hotel, cujo gerenciamento fica a cargo de sua esposa e da cunhada. Depois, transforma o hotel em loja.
  • 1925: Abre a primeira casa de comércio em sociedade com o sogro, em Bom Retiro do Cruzeiro, para onde havia se mudado. Com o êxito dessa casa — comprava mercadorias em São Paulo e Joinville com melhores preços, vendia com 20% de lucro e via a clientela aumentar —, abre mais duas em municípios próximos, Água Doce e Videira.
  • 1935: Funde seus negócios de lojas de comércio com os da família Fuganti e passa a administrar a sociedade. Um estabelecimento maior é aberto em Londrina, em 1936.
  • 1939: A sociedade com os Fuganti é dissolvida; Attilio começa a se desfazer das lojas que lhe couberam na divisão. 
  • 1942: O prefeito de Concórdia conversa com Attilio a respeito de duas empresas privadas que não conseguiam decolar no município, um moinho e um engenho. Walter, o filho mais velho, assume a direção do moinho. No dia 7 de junho, é constituída formalmente a S.A. Indústria e Comércio Concórdia, a futura Sadia.
  • 1947: A Sadia abre uma filial distribuidora na Rua Paula de Souza, no coração do centro atacadista paulistano.
  • 1947: Filial distribuidora da Sadia em São Paulo.
  • 1950: Moinho da Lapa S.A., em São Paulo, em associação com os Germani. É eleito deputado federal por dois mandatos seguidos: 1954-58 e 1958-62.
  • Em 1952, passou a alugar aviões da Panair para o transporte rápido de seus produtos, pois eram mercadorias perecíveis. Depois, arrendou dois aviões da Companhia Brasil de Transportes Aéreos, para economizar no valor do aluguel e ter maior disponibilidade de datas. Em 1954, nasceu a Sadia S.A. Transportes Aéreos, depois Transbrasil.
  • A partir de 1953, as atividades do Concórdia foram transferidas para o Santa Marcelina, o que resolvia parte do problema relativo ao transporte do produto, pois o Moinho Marcelinense ficava em Marcelino Ramos, na confluência do rio do Peixe com o Uruguai, já do outro lado da fronteira em terras do Rio Grande do Sul. Essa transferência permitiu alguma economia de frete local, pois o prédio de Marcelino Ramos erguia-se ao lado dos trilhos da ferrovia. A necessidade de estabelecer um moinho em São Paulo ficava cada vez mais premente, pois quando a safra nacional bastava para o consumo, saíam beneficiados os moinhos, como o Concórdia, localizados próximos aos centros produtores de trigo. Mas quando se tornava necessário recorrer às importações — o que estava cada vez mais freqüente — a situação se invertia. Importado diretamente do governo, o trigo era vendido aos moinhos por um preço único, estivessem no litoral ou a milhares de quilômetros de distância. Esses últimos ficavam duplamente penalizados, pois pagavam dois fretes, do porto ao moinho e do moinho aos centros de consumo.
  • Década de 1970: A Sadia chega aos países árabes e europeus, para depois aterrissar na Ásia e no restante da América Latina. Novas unidades são inauguradas em Chapecó, Várzea Grande, Toledo e Dois Vizinhos.
  • Década de 1980: Implantação das unidades de Paranaguá, no Paraná, e Três Passos, no Rio Grande do Sul.
  • Década de 1990: Com o intuito de diversificar seus produtos, a Sadia inaugura em Ponta Grossa, no Paraná, uma fábrica de massas frescas e pizzas congeladas.

Acervo de imagens