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Bernardo Mascarenhas

O pioneiro Bernardo Mascarenhas teve uma vida breve – nascido em 1847, faleceu em 1899, aos 52 anos –, mas extremamente produtiva.  Havia apenas alcançado a maioridade quando idealizou, construiu e colocou em funcionamento a Tecidos Cedro, em Tabuleiro Grande, atual Paraopeba, junto ao rio das Velhas. Parecia uma temeridade tal empreendimento em lugar tão isolado, que só se alcançava em semanas de viagem a cavalo ou em carro de boi. Mas, contra a opinião geral, o empreendimento tornou-se um sucesso. Pioneiro e empreendedor durante toda a vida, montou as hidrelétricas que iluminaram Juiz de Fora e Belo Horizonte e forneceram energia para as indústrias que ele e próprio e muitos outros fundariam no estado de Minas Gerais.

Linha do tempo

  • Nasceu em Minas Gerais. Teve onze irmãos e doze filhos (nove homens e três mulheres).
  • Em 1811, os avós de Bernardo Mascarenhas atravessavam a Serra da Mantiqueira com seus três filhos quando foram acometidos de varíola. Lá mesmo os adultos morreram; as três crianças foram encontradas na beira de uma estrada e recolhidas por tropeiros que passavam no local.
  • Aos 12 anos, Bernardo Mascarenhas ingressou como interno no Colégio Caraça, um dos melhores de Minas Gerais. Aos 18 anos recebeu de seu pai a quantia de 26 contos de réis para começar a vida: ele utilizou esse dinheiro na compra de gado magro para engorda, junto com seu irmão Caetano.
  • Em 1865, teve a idéia de fazer uma fábrica de tecidos movida a energia hidráulica. Na época, não existia energia elétrica em Minas Gerais, mesmo sendo o Estado mineiro repleto de quedas d’água, o que favorecia a construções das usinas hidrelétricas.
  • Montou hidrelétricas que iluminaram Juiz de Fora e Belo Horizonte e forneceram energia para as indústrias que ele próprio e muitos outros fundariam em Minas Gerais. Em 27 de agosto de 1898, inaugurou publicamente o motor elétrico de sua tecelagem.
  • Bernardo Mascarenhas foi um dos primeiros industriais brasileiros a instituir um sistema de previdência social para os seus empregados, baseado em descontos na folha de pagamento. Não havia ainda lei no Brasil que o obrigasse a isso.

Ações

  • 1865: Cria a fábrica Tecidos Cedro em Tabuleiro Grande, atual Paraopebas, Minas Gerais.
  • 1874: Mascarenhas ajuda os irmãos e cunhados na criação da firma Mascarenhas, Barbosa & Cia., uma fábrica de tecidos em Cachoeira.
  • 1877: Empresa Cedro & Cachoeira, união das empresas têxteis da família.
  • 1888: Tecelagem Bernardo Mascarenhas, empreendimento próprio em Juiz de Fora.
  • 1888: Companhia Mineira de Eletricidade, em Juiz de Fora. Bernardo Mascarenhas lança a ideia de levar energia elétrica a Juiz de Fora, que é recebida com ceticismo e desconfiança. No entanto, em virtude de sua reputação de homem de êxito, consegue reunir investimentos para a formação da Companhia Mineira de Eletricidade, cuja primeira reunião de acionistas ocorre no início de 1888. Em 22 de agosto de 1889, é inaugurado o sistema de energia elétrica em Juiz de Fora. Inúmeros problemas se sucedem: raios, enchentes, falta de peças sobressalentes. Resolvidos os problemas, Bernardo passa a ser referência obrigatória em iluminação de cidades.
  • Em 1877, Bernardo Mascarenhas interessou-se em vender sua parte na sociedade, mas enfrentou oposição da família. Achava que o negócio estava pequeno demais. O conflito se resolveu em abril de 1883, quando as empresas Cedro e Cachoeira se uniram, formando uma única: a Cedro & Cachoeira. Um plano de reforma e ampliação foi imediatamente posto em execução. Esses investimentos logo se refletiram nos números de produção e vendas, embora as vendas não acompanhassem o ritmo da produção, ocasionando o aumento dos estoques. Somente em 1889 o estoque diminuiu. “Observe que, na década de 1890, todas as fábricas de tecidos de Minas Gerais iriam seguir essa mesma estratégia de operar com sua capacidade máxima, quaisquer que fossem as variações da demanda”. Esse modo de agir explica-se por duas características da indústria mineira de tecidos daquela época: a alta porcentagem dos custos fixos totais e a atitude do acionista típico, mais próxima do rentier do que do empresário capitalista.

Quando esteve em Juiz de Fora, Bernardo Mascarenhas comprou a Cachoeira dos Marmelos. “De imediato, seu aproveitamento lhe serviria para alimentar com força hidráulica a nova fábrica de tecidos, mas talvez já sonhasse com a usina hidrelétrica”. O passo seguinte foi a conquista do contrato de iluminação da cidade. Já havia um contrato de iluminação a gás com o engenheiro Maurício Arnade; Mascarenhas comprou os direitos de contratante e, com a municipalidade, acertou as modificações das cláusulas do gás para a eletricidade.

Em nome da Companhia Mineira de Eletricidade, Mascarenhas apresenta o projeto de iluminação elétrica de Belo Horizonte, a convite de Francisco Bicalho, presidente da Comissão Construtora da Nova Capital. O serviço é inaugurado em 1897.

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