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Maurício Klabin

Wolff Klabin e Horário Lafer representam um caso exemplar de sócios de temperamento e de virtudes empresariais distintas, mas que se completavam com perfeição. Parentes próximos (a mãe de Wolff era tia de Miguel Lafer, pai de Horácio), foram criados na mesma casa. Separaram-se na adolescência, Wolff interessado na vida prática e Horácio nos estudos. Reencontraram-se logo depois, construindo a partir desse momento uma trajetória de múltiplas facetas, inclusive na vida pública – Horácio chegou a ocupar o ministério da Fazenda e o das Relações Exteriores. Como empresários, foram responsáveis diretos pela criação, nos anos 40, da primeira grande indústria de celulose no Brasil.

Linha do Tempo

  • Wolff Klabin (1880-1957) nasceu na Lituânia.
  • Horácio Lafer (1900-1965) nasceu em São Paulo.
  • Em 1889, chegou ao Brasil, Maurício Klabin, tio de Wolff Klabin; em 1894 chegaram os pais de Horácio Lafer. A mãe de Horácio era irmã de Maurício Klabin.
  • Em 1899, foi criada a sociedade Klabin Irmãos & Cia. (KIC). Essa sociedade incluía irmãos e primos da mesma família Lafer-Klabin. Os seus fundadores chegaram ao Brasil para tentar uma vida nova, já que passavam por muitas dificuldades na Lituânia.
  • Wolff Klabin e Horácio Lafer foram os responsáveis diretos pela criação, nos anos 1940, da primeira grande indústria de celulose no Brasil.
  • Os principais empreendimentos da sociedade Klabin Irmãos & Cia. estavam ligados à indústria de papel e celulose, à produção de raiom (seda sintética) e à fabricação de porcelana;

Os principais empreendimentos:

  • Empreza Graphica Klabin, em São Paulo (primeiro negócio de Maurício Klabin);
  • Fábrica de Papel Paulista de Vila de Salto de Itu (SP);
  • Companhia Fabricadora de Papel (CFP), em Santana, na cidade de São Paulo;
  • Oficina gráfica na rua Brigadeiro Tobias, na capital paulista;
  • Fábrica de Papel Santo Antonio, comprada no Rio de Janeiro por Wolf Klabin;
  • Nitro Química, em sociedade com José Ermírio de Moraes e Numa de Oliveira;
  • Fazenda Monte Alegre, no município de Tibagi (PR);
  • Indústrias Klabin do Paraná de Celulose S.A.(IKPC);
  • Manufatura Nacional de Porcelanas, no subúrbio carioca de Del Castilho;
  • Unidade Del Castilho, no Rio de Janeiro: setor de papelão ondulado.

Ações

1902: Entrada da família Lafer-Klabin no setor de produção de papel, com o arrendamento da Fábrica de Papel Paulista de Vila de Salto de Itu.

Em 1907, a sociedade Klabin Irmãos & Cia. encerrou o contrato de arrendamento com a Fábrica de Papel Paulista de Vila de Salto de Itu, que produzia papel de embrulho a partir de trapos, papel velho e algumas fibras vegetais. Maurício Klabin empreendeu longas viagens ao exterior, principalmente à Alemanha, em busca de tecnologia e equipamentos para uma fábrica maior e mais moderna, capaz de utilizar a celulose como matéria-prima. Surgiu um novo negócio, a Companhia Fabricadora de Papel, sociedade anônima cujos acionistas majoritários eram Maurício, Salomão e Hessel Kablin e Miguel Lafer.

Em 1920, Wolff Klabin voltou a São Paulo e, em seguida, foi transferido para o Rio de Janeiro, onde instalou o escritório da Klabin Irmãos & Cia. e ficou à frente dos negócios. No Rio, conseguiu impulsionar o movimento da representação, não apenas aumentando a venda de papéis de fabricação própria, mas também a de artigos de papelaria importados.

1929-1930: Wolff Klabin compra a Fábrica de Papel Santo Antonio, no bairro do Engenho Novo, no Rio de Janeiro.

1931: Wolff adquire a Manufatura Nacional de Porcelanas, no subúrbio de Del Castilho, que fabricava de forma artesanal pratos e travessas de louça, isoladores elétricos, ladrilhos e azulejos. Era um negócio que tinha tudo para dar errado, pois os equipamentos eram ultrapassados, os produtos tinham qualidade inferior e a fábrica estava com dívidas acumuladas. Wolff pagaria apenas quando pudesse. Decidiu-se por um contrato de locação de cinco anos com opção de compra. Wolff investe em equipamentos, traz técnicos do exterior e se concentra na produção de azulejos. Dez anos depois da aquisição, a Manufatura Nacional de Porcelanas Klabin torna-se a maior produtora de azulejos do mundo, barateia os custos e vence a concorrência estrangeira.

1936-1937: Compra em sociedade uma fábrica de raiom – a Nitro Química – nos Estados Unidos, que é remontada em São Paulo e funciona satisfatoriamente até início da década de 1950. A Nitro Química é criada com o propósito de produzir não apenas raiom, mas diversas matérias-primas necessárias para lançar as bases do setor químico da indústria brasileira.

Década de 1940: Horácio Lafer e Wolff Klabin tornam-se os responsáveis diretos pela criação da primeira grande indústria de celulose do Brasil.

Em 1950, Horácio Lafer foi convidado por Getúlio Vargas a assumir o Ministério da Fazenda, cargo no qual permaneceu até 23 de junho de 1953. Ricardo Jafet, presidente do Banco do Brasil, era contrário à política contracionista de Horácio. Naquela época ainda não havia o Banco Central nem o Banco Nacional de Desenvolvimento, de tal maneira que o Banco do Brasil, além de emissor da moeda e regulador da política monetária, era o responsável pelo financiamento de grandes projetos industriais.

1952: Inauguração de uma unidade de produção de papelão ondulado em Del Castilho, no Rio de Janeiro. A partir de 1960, a Klabin, organização familiar, iniciou a profissionalização administrativa em suas empresas com a criação de uma diretoria composta por executivos para a Papel e Celulose Catarinense. Com a criação de nova lei de Sociedades Anônimas, em 1979, foi estabelecido o Conselho de Administração, constituído pelos acionistas, conforme determinava a lei. O Conselho permitiu que o processo de profissionalização fosse encaminhado de forma nítida e racional. Os próprios sócios-gerentes da Klabin Irmãos & Cia. e seus assessores conduziram a profissionalização das empresas, recorrendo a especialistas e participando ativamente de todo o processo.

Década de 1960: Expansão no setor de celulose e papel de imprensa: inauguração, pelo presidente João Goulart, da máquina VI na fábrica do Paraná.

1960: Horácio Lafer cria uma nova empresa, a Papel e Celulose Catarinense Ltda., em parceria com o Grupo Monteiro Aranha e com as companhias estrangeiras Adela Investment Co. e International Finance Corporation – IFC (financeira do Banco Mundial).

1965: Expansão do setor de cerâmica com a compra de uma fábrica em Santa Luzia, em Minas Gerais.

1982: Aquisição da Riocell (em Guaíba, Rio Grande do Sul) em sociedade com a Companhia Iochpe de Participação e a Votorantim. Início das exportações, com a abertura de escritórios em Hamburgo, na Alemanha, e Antuérpia, na Bélgica.

1989: A empresa Indústrias Klabin de Papel e Celulose torna-se uma holding.

1990: Associação com a Kimberly-Clark na compra da Lalekla e da Bacraft.

1999: Ao completar cem anos, a Klabin é a maior fabricante integrada de papel, celulose e produtos de papel da América Latina, com dezenove unidades industriais no Brasil e duas na Argentina.

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