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Ao compor a lista dos personagens da trilogia e da exposição, foram utilizados como critério de escolha não apenas o êxito econômico alcançado pelos empreendedores e a presença em cada um deles de características típicas do empreendedorismo como visão de futuro, sensibilidade estratégica e capacidade de inovação. Optou-se também por aqueles que apresentavam singularidades marcantes e, de certa forma, representativas de determinados tipos de empresário.

Os Prado representam a transição entre o Brasil do café e o Brasil moderno; Matarazzo, o pioneirismo da grande indústria; Street, a consciência social, Feffer, a aposta na tecnologia; Jafet, a revolução do varejo; Simonsen a preocupação com a macroeconomia.

Haverá quem estranhe a presença de Júlio Mesquita e de Ramos de Azevedo, já que o primeiro é conhecido, sobretudo, como jornalista, e o segundo, como arquiteto. Mas não é menos certo que os dois foram, igualmente, empresários de grande sucesso e valor. Representam eles um tipo de empresário especialmente interessante e muito pouco estudado. Um promoveu inovações na imprensa; outro, na construção civil.

A mostra lança um olhar transversal em relação à história do Brasil, com foco na reciprocidade constante entre trabalho e visão pioneira, nas escolhas e na multiplicidade de caminhos percorridos pelos empreendedores.

Mulheres Pioneiras

Muitos temas têm sido atualizados desde a primeira edição da exposição Pioneiros & Empreendedores, realizada no Museu Histórico Nacional em 2010. Nestes dez anos, o projeto adquiriu novos horizontes, ampliando o formato, os debates e o alcance dos temas que com ele dialogam. Esse movimento inevitável da passagem do tempo tornou premente a inserção de novas figuras na narrativa da exposição.

Nesta edição de Pioneiros & Empreendedores no Palácio dos Campos Elíseos, à luz de estudos recentes e interdisciplinares que abordam as questões sociais através de novas lentes de pesquisa – como as perspectivas de gênero e raça – trazemos uma pequena contribuição para essa ordem do dia. Por essa razão, somam-se aos vinte e quatro pioneiros das edições anteriores outras oito figuras que vêm, numa sutil evocação, compor a exposição para também, e principalmente, servirem como inspiração ao público visitante. Importantes não somente por suas posturas ou ações em vida, as mulheres escolhidas para esta exposição estão aqui por sua representatividade. 

Pela primeira vez neste formato e pela primeira vez em São Paulo, a presença de algumas mulheres também pioneiras na exposição é uma oportunidade de tirar a cortina da invisibilidade que durante muito tempo as envolveu. Muito em voga na atualidade, a temática das mulheres pioneiras coloca em discussão o legado deixado por elas e, com isso, as conexões que podemos fazer hoje ou que talvez já tenhamos feito outrora, agora com maior destaque.

As mulheres destacadas, muito além de uma vida significativa, construíram um legado que transcende suas existências. Suas trajetórias e iniciativas duradouras inspiram jovens para a construção do seu projeto de vida, e são exemplos para as gerações vindouras.