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Imagem: Oficina do Liceu de Artes e Ofícios.

Ramos de Azevedo
Ramos de Azevedo

Francisco de Paula Ramos de Azevedo destaca-se como o grande pioneiro da construção civil em São Paulo. Conhecido como arquiteto, foi também, e sobretudo, um grande construtor. Dos maiores tocadores de obras que o Brasil já teve, soube, como ninguém, arranjar financiamento, negociar matéria-prima, mobilizar colaboradores e formar mão de obra especializada. Foi a figura principal do Liceu de Artes e Ofícios. Ajudou a fundar e dirigiu por onze anos a Escola Politécnica. Não apenas projetou e construiu grande parte das antigas instalações da Poli como deu forma ao seu currículo introduzindo inovações que revolucionaram o ensino e a prática da engenharia civil no Brasil.

Linha do tempo

Nasceu em São Paulo, porém sempre se considerou campineiro, pois sua família era de Campinas e foi onde passou a infância.
Em 1869, Ramos de Azevedo mudou-se para Rio de Janeiro com o objetivo de cursar a Escola Militar. Após abandonar a Escola, retornou a São Paulo e, por três anos, trabalhou na construção das estradas de ferro Paulista e Mogiana.

Ramos de Azevedo viajou para a Bélgica em 1875, a fim de estudar Engenharia Civil na Universidade de Gand. A conselho do diretor, transferiu-se para o curso de engenheiro arquiteto.

Em 1878, recebeu seu diploma de engenheiro-arquiteto com a menção “grande distinção”. Em maio de 1879, Ramos de Azevedo retornou a Campinas, fez uma exposição de projetos e abriu um escritório. Mudou-se para a cidade de São Paulo em 1886. • Ramos de Azevedo é considerado pioneiro da construção civil em São Paulo, um arquiteto e construtor de obras e edifícios que marcaram o desenvolvimento da capital paulista e se transformaram em pontos de referência.

Mostrou-se inovador em todas as áreas nas quais atuou, seja como engenheiro e arquiteto, professor da Politécnica, impulsionador do Liceu de Artes e Ofícios ou, sobretudo, como grande construtor e empresário.

Principais obras:

  • Prédio da Tesouraria da Fazenda, hoje Secretaria da Justiça do Estado de São Paulo;
  • Palácio da Justiça;
  • Liceu de Artes e Ofícios, hoje Pinacoteca do Estado;
  • Escola Normal, hoje Secretaria da Educação do Estado de São Paulo;
  • Hospital Militar;
  • Asilo dos Alienados do Juqueri;
  • Teatro Municipal;
  • Faculdade de Medicina da USP;
  • Prédio dos Correios e Telégrafos;
  • Palácio das Indústrias;
  • Casa das Rosas

Ações

  • 1886: Companhia Paraná Industrial.
  • 1903: Inauguração da Casa Ernesto de Castro, loja de artigos importados para palacetes. A loja é resultado da associação com Paula Souza e Joaquim Monteiro de Carvalho na Companhia Paraná Industrial.
  • 1910: Companhia Cerâmica Vila Prudente. Década de 1910: Serraria Azevedo Miranda. Especializado em grandes construções, projeta e executa edifícios públicos, palacetes e obras de saneamento básico. Empresas de águas e esgotos de: Jundiaí, Rio Claro, Piracicaba e Mogi das Cruzes. Empresas de eletricidade de: Araraquara, Avaré e São Sebastião. Empresa Hidroelétrica da Serra da Bocaina. Empresa de Eletricidade São Paulo e Rio.
  • 1911: Banco Ítalo-Belga, fundado em sociedade com Francisco Ferreira Ramos, Ermelindo Matarazzo, Antonio Carlos da Silva Teles e outros. Ramos de Azevedo sabia reunir excelentes auxiliares e sócios em seu escritório, aproveitando os melhores talentos de cada um e ignorando, ou tolerando, os seus defeitos.

Como todos queriam Ramos como construtor, pelo seu prestígio como arquiteto, passou a assinar todos os projetos, de sua autoria ou não. Investiu no comércio de materiais de construção, tornando-se, sempre que possível, seu próprio fornecedor. Além da madeira, interessou-se pela exploração de cal, mármores e granitos.

Abriu uma loja de artigos importados para aparelhamento de palacetes: a inovação também era uma estratégia para suprir a falta de materiais — como, por exemplo, os pinheiros de Riga, provenientes de Portugal. Investia em várias frentes de negócios — materiais de construção, madeira, loja de artigos importados etc. —, de forma a se tornar, sempre que possível, seu próprio fornecedor. Isso era importante, sobretudo, por se tratar de uma época em que, se algum fornecedor falhasse, tudo poderia ser prejudicado.

O rompimento com tudo o que se fazia no Brasil durante quatro séculos mostrou-se revolucionário. Não apenas na forma, mas no conteúdo, uma vez que hospitais, asilos, escolas, laboratórios e institutos por ele projetados eram materializações das conquistas científicas mais recentes do seu tempo.

“Mostrou-se, em suma, inovador em todas as facetas de sua atividade, seja como engenheiro e arquiteto, professor da Politécnica, impulsionador do Liceu de Artes e Ofícios e, sobretudo, como grande construtor e empresário”.

Cuidava mais da construção do que dos projetos: enquanto o projeto era faturado em torno de 1%, o gerenciamento e administração atingiam 10%. Com Paula Souza, criou a Escola Politécnica, dando ênfase à parte prática do ensino de engenharia. A Poli abriu suas portas em 1894 em instalações improvisadas. As primeiras aulas foram ministradas no antigo Solar do Marquês de Três Rios (na esquina da avenida Tiradentes com a atual praça Coronel Fernandes Prestes). Foi professor da Poli das cadeiras de “Arquitetura Civil – Higiene das Habitações” e “Elementos de Edifícios, Composição Geral”. Dedicou-se à política, como abolicionista e republicano, e à engenharia, projetando a estrada de ferro que ligou Itu a Piracicaba.

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