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Durante mais um século, ao longo do Brasil Imperial e da Primeira República, a dinastia empresarial dos Prado dominou boa parte da economia, da política e do universo cultural de São Paulo.  Em quatro gerações sucessivas – contadas a partir de Antonio Prado, o Barão de Iguape, até 1930 – os pioneiros e empreendedores da família atuaram como fazendeiros, comerciantes, banqueiros, exportadores, industriais, políticos e intelectuais, ocupando sempre o centro do palco.

Barao de Iguape
Antonio Prado, o Barão de Iguape

Os membros da família Prado foram pioneiros na abertura das fronteiras agrícolas de São Paulo e empreendedores de vanguarda no comércio, nas estradas de ferro e na indústria, mostrando em todas essas atividades a marca de seu espírito inovador. Formaram uma espécie de dinastia, capaz de traçar estratégias vitoriosas de negócios em tempos de turbulência política e econômica. Implantaram estilos de gestão adequados à época em que viveram e exerceram uma liderança não apenas na comunidade de negócios, mas em toda a sociedade.

Linha do tempo

Na família Prado, entre os que mais se destacaram a ênfase recai sobre o barão de Iguape (1788 a 1875), fundador da dinastia, e sobre seu neto Antonio da Silva Prado, fazendeiro-industrial por excelência, também político influente no Império e na Primeira República, que terminou em 1930. A imensa fortuna dos Prado foi acumulada antes do ciclo do café, no comércio de açucar e gado, e na contratação de impostos, mas tomou impulso maior a partir de 1870, quando o café tomou o rumo do Oeste paulista e deslocou o centro de gravidade da economia para a Província de São Paulo. A família Prado tinha dezenas de fazendas, nas quais os cafezais eram plantados por imigrantes, na maioria italianos trazidos pela Sociedade Promotora da Imigração.

  • Nasceu em São Paulo.
  • Iniciou a fortuna da família como tropeiro e cobrador de impostos.
  • Em 1810, Antonio Prado, após conduzir uma tropa de mulas de São Paulo a Goiás, perdeu o dinheiro e foi se estabelecer em Caiteté, na Bahia. Abriu um armarinho, onde vendia tecido, lã, linha, açúcar, tabaco, papel e farinha. Em 1816, voltou a São Paulo com capital suficiente para se lançar em grandes negócios.
  • Foi diretor da primeira agência do Banco do Brasil em São Paulo, no ano de 1850.
  • A filha Veridiana e seu marido Martinho deram continuidade à fortuna acumulada pelo pai, Antonio Prado.
  • Antonio Prado, neto do Barão de Iguape, inaugurou, em 1895, a Vidraria Santa Marina. Ele foi prefeito de São Paulo e mandou construir o Teatro Municipal.
  • Os Prados ocuparam cargos públicos em ministérios e na prefeitura.
  • Os negócios da família Prado: comércio, fazendas de açúcar e café, bancos e indústrias.

Ações

Década de 1880: Em virtude do grande volume de café negociado pelas fazendas, é criada a Companhia Central Paulista, de propriedade de Martinho, Antonio e Martinico, filhos do Barão de Iguape. Com filiais em Londres, Hamburgo e Estocolmo, torna-se, em 1887, a maior exportadora de capital brasileiro. Fazenda Campo Alto (Mogi-Mirim, São Paulo), administrada por Martinho e Veridiana. Fazenda Santa Veridiana: Antonio ganha a fazenda em 1868. Fazenda Santa Cruz, administrada por Martinico. Fazenda São Martinho, administrada por Martinho, Antonio e Martinico. Fazenda Brejão, herdada por Eduardo Prado em 1891. Fazenda Guatapará (Ribeirão Preto, São Paulo), herdada por Martinico Prado em 1891. Companhia Veridiana Prado e Filhos, criada para operar um conglomerado de fazendas da família.

Tropeiro, Antonio Prado (o futuro Barão de Iguape) conduz tropas de mulas de São Paulo a Goiás no início do século XIX; torna-se comerciante de gado. Perde dinheiro e vai se estabelecer em Caetité, na Bahia. Abre um armarinho onde vende tecidos, lã, linha, mas também açúcar, tabaco, papel, farinha etc. Antonio Prado (Barão de Iguape, 1788-1875) volta para São Paulo em 1816, com capital suficiente para se lançar em grandes negócios. O capital foi conseguido, provavelmente, cobrando dívidas na Bahia para comerciantes paulistas, atividade que remunerava bem por causa das dificuldades da época, uma vez que não havia redes bancárias e as comunicações eram muito lentas.

Em 1817, em São Paulo, inaugura sua carreira de contratador (arrecadador) de impostos, comerciante de açúcar e negociante de gado e mulas. A principal singularidade do Barão de Iguape, que o ajudou a alavancar os negócios, foi encontrar parceiros e sócios que complementassem suas habilidades, ou melhor, que tratassem de assuntos pelos quais não se interessava ou para os quais não tinha habilidade. Isto desde o princípio: foi assim como contratador de impostos e nos negócios com o gado. Em geral, tratava do comércio e da retaguarda política, ambos negócios bastante difíceis. Assim, dava total liberdade aos empregados na tomada de decisões e, ainda, remunerava bem. Como contratador de impostos, negócio bastante impopular, contratava um cobrador in loco, enquanto tratava do apoio político da retaguarda. Depois, passou a contratar pessoas de fora. “É uma estratégia que ele iria usar diversas vezes nos seus negócios, delegando a seus representantes poderes e liberdade de iniciativa e ação, além de retribuição financeira elevada”. Martinico Prado foi o presidente da Sociedade Promotora da Imigração em 1871, quando o Brasil ainda era escravocrata. Reuniu os fazendeiros, esclareceu as vantagens da imigração e foi para a Itália conhecer as condições de recrutamento, o que foi fundamental para que a imigração desse certo.

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